terça-feira, 24 de setembro de 2013

"NÃO VAI FAZER FALTA, NÃO ?"





Acho que a tendência da Arte Contemporânea hoje é a mesma da Nouvelle Cuisine. Você entra num restaurante, faz o seu pedido e depois de um tempão vem um prato branco,  enorme, contendo apenas um bolinho misterioso, do tamanho de uma azeitona, enfeitado por alguma folhinha e manchado por algum molho também desconhecido,  entregue por um garçom muito solene, cujo leve sorriso parece querer esconder um certo sadismo em saber o preço que você vai pagar por aquela iguaria. Ao receber nosso prato, nós na mesa nos olhamos e pensamos ou dizemos  (dependendo da intimidade): Não vai fazer falta, não?
Tenho sempre a impressão de que ao fim desta cerimônia do jantar, a maioria das pessoas vai se dirigir ao Mac Donalds para “se alimentar” pois já não sobra dinheiro para ir a um lugar melhor.
A mesma coisa acontece nas exposições de Arte. Você entra numa galeria enorme, branca, asséptica. Pessoas que parecem ter vindo de um concurso de beleza realizado em outra galáxia te olham com estranheza, pois para elas quem veio de outra galáxia foi você. A galeria é linda,  pé direito altíssimo. Você procura o que é que tem para ver e encontra lá longe  um pequeno objeto, que parece o bolinho que te deram no restaurante, e descobre que toda aquela gente está ali, como você,  para ver o bolinho. Você se aproxima, olha desconfiado, dá um passo atrás, outro pro lado, olha mais uma vez e pronto.  Não tem mais nada para ver.  E agora? O que fazer? O que dizer?  Se você consegue conversar com o artista, geralmente vestido em trajes performáticos, você vai descobrir que o tal bolinho ele mandou alguém fazer, pois hoje não se encosta mais as mãos no trabalho. O artista de hoje está no alto de um pedestal, talvez no próprio monte Olimpo, tendo ideias e mandando executa-las. Aliás, tendo apenas uma ideia, pois duas seria exagerado. As pessoas se entreolham como se entreolham no restaurante e parecem dizer: "Acho que fomos enganados."
 Pode não parecer, mas não tenho nada contra Nouvelle Cuisine ou contra a Arte Contemporânea. Na maior parte das vezes em que fui num desses restaurantes, gostei do que comi e, apesar de não ter gostado do preço, saí querendo mais.  Será esse o objetivo da Arte? Fazer com que você saia querendo mais? O fato é que o prato tem gosto. Ninguém tem que te explicar. Se o gosto é bom ou é ruim você sabe muito bem. Por outro lado, com a obra de arte é diferente. Na maior parte das vezes,  as pessoas não confiam no próprio julgamento, se sentem burras, pressionadas,  e têm que saber o que acham os experts.  As Artes hoje não são mais belas, muito pelo contrário. O tal belo é algo de que se tem de fugir como o diabo da cruz. O resultado é que o público se afasta da Arte. Parece que a Arte também não está nem aí para o público, pois ela é direcionada a uma confraria de iniciados que só a eles é permitido agradar. Uma coisa de gênio para gênio. Não importa o que faz o Artista (aliás, na maioria das vezes ele não faz mesmo). Entender então, nem pensar. O que importa é que o Artista é gênio, e quanto menos você entende, mais gênio ele é. Sim, eu sei que tudo muda, e que a Arte - para os Gregos, “Tekné” - foi durante séculos sinônimo de criar, fazer, sobretudo fazer bem. Hoje não é mais assim. Parece que tudo é válido, qualquer um faz o que quiser. Mas de repente me dou conta de que não,  nem tudo é válido. O válido é  o sucinto, o lacônico, o econômico, o mínimo. Você pode fazer de tudo, mas só pode fazer um pouquinho, sob pena de não ser aceito no mundo dos Artistas.
Acabo aceitando então, que não sou Artista. Eu faço Arte. Sou músico, compositor, desenho, pinto, faço esculturas, monumentos, vídeos, filmes. Isso parece fazer de mim um "Desartista", ou um Artista anacrônico (se é que isso existe),  pois o Artista do momento não precisa fazer Arte, e  "ai" dele se fizer muita Arte.  Ele deve só ser “Artista”,  pois a arte:  

 “Não vai fazer falta, não?”

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

"Lixo de Artista" ou Como levar vantagem comprando Arte

Em 1961 Piero Manzoni criou e comercializou suas latinhas conhecidas como “Merda d’artista”. Foram 90 latinhas hermeticamente fechadas, numeradas e assinadas, contendo 30 grama de seu próprio coco. O preço inicial de cada latinha, foi o equivalente a 30 gramas de ouro. Em 1961, 30 anos depois, uma das latinhas foi vendida num leilão da Sotherby’s por US$ 67.000,00. Nessa época, 30 gramas de ouro valiam U$ 400,00, ou seja, a “MERDA” em 30 anos valorizou 167,5 vezes mais que o ouro.

Para minha exposição de novembro, preparei também 90 latinhas iguais as de Piero Manzoni. Minhas latinhas porem, contém um tipo diferente de merda e portanto não se chamam “Merda de Artista”, mas “LIXO DE ARTISTA”. São latinhas com húmus fabricado por minhocas caseiras a partir das sobras de legumes e frutas resultantes dos sucos que preparo de manhã. Junto com esse humos, vai também uma semente de pitangueira, de uma árvore que tenho em meu jardim e que está quase sempre florida.

Como sou mais modesto que Manzoni, vou cobrar por tudo isso, 1 U$ por grama, ou seja, 30 dólares por cada latinha. Tambem porque sou contra o aumento do dólar, fixei a cotação do meu dólar em R$ 2.00. Desta forma, o preço de cada latinha minha, assinada e numerada de 1 a 90, é de apenas R$ 60,00. (por enquanto)

Se tudo correr bem, daqui a alguns anos, minhas latinhas estarão custando alguns milhares de dólares, e você terá feito um ótimo negócio. Se as coisas não correrem tão bem assim, você terá adquirido uma latinha de “Lixo de Artista” com humos natural e uma pitangueira em potencial, pronta para germinar, virar árvore e dar frutos durante muitos anos. Portanto, na pior das hipóteses, nós só ganharemos porque além de tudo, você estará contribuindo para que o meu projeto “O ATELIER” se realize.

Pense nisso com carinho. Acesse o http://catarse.me/pt/edgarduvivier





segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A Aposta de Pascal / Duvivier  ou COMO LEVAR VANTAGEM comprando arte.

Por volta de 1650, o matemático/filósofo francês Blaise Pascal, teve uma visão mística. Deu tudo o que tinha para os pobres e resolveu provar a existência de Deus pela lógica. Seu argumento era  que se voce acreditasse em Deus, e Deus realmente existisse, voce só tinha a ganhar. Voce teria a vida eterna, iria para o paraíso e seria feliz por toda a eternidade. Se por acaso Deus não existisse, voce não perderia nada.
Minha aposta é parecida. Uma serigrafia original da Lata de sopa Cmpbell de Warholl custa alguns milhares de dolares (se vc conseguir encontrar uma e tiver dinheiro para comprar). As minhas serigrafias "Ceci n'est pas un Warholl" estão pelo preço accessível a todos de R$ 200,00.  São 100 serigrafias assinadas e numeradas de 1 a 100.
Agora vamos à aposta propriamente dita: Se voce adquirir uma serigrafia minha pelo catarse.com, além de voce ajudar na realização de um projeto que une desenho, escultura, pintura, vídeo, filme e música, voce pode botar em sua casa, sala, cozinha, oferecer a um amigo, parente, colega. Além disso, e talvez o melhor da história,  voce  corre o risco de em breve ter uma obra que vale milhares de dólares. Por outro lado, se por acaso a dita obra não tiver nenhuma valorização, voce continuará tendo em sua casa uma serigrafia tão bonita quando a do Warholl e só terá gastado R$ 200,00. Mas isso, é claro, se voce se apressar pois a quantidade é limitada.