sábado, 30 de julho de 2016

OLIMPIADAS - Esporte saudável ou ideal de superioridade?








Outro dia, depois de um jogo de futebol, a torcida de um time espancou e matou um torcedor de outro. Isso me fez pensar em como podem ser tão idiotamente primários os homens que querem acabar com o time adversário, pois, sem time adversário não há jogo.
Isso me fez pensar também que não é do esporte que eles gostam, mas o que querem é sobrepujar os outros. Querem se sentir, sem fazer nada, só berrando e torcendo, SUPERIORES. Na realidade, a humanidade sofre de complexo de inferioridade, e desde pequenos, através do bullying tentam diminuir os mais fracos para se sentirem mais fortes. Jogos são antiquíssimos e dizem que as Olimpíadas vêm da Grécia. Nos vendem desde sempre a idéia de que a competição é saudável. Me considero um competidor, e confesso que detesto que me ultrapassem quando estou nadando ou andando de bicicleta. A competição é atávica, inerente ao ser humano, mas cá entre nós, a competição é mesmo tão saudável quanto aprendemos a pensar que ela é? A frase: “O importante é competir” tão comumente repetida para consolar aqueles que perdem, parece mais uma frase vazia, pois os perdedores, os ganhadores e o público enaltecem somente o ganhador. No circo romano, a competição ia até a morte, Hoje a coisa mudou, mas ainda acontece em campeonatos de luta, de corrida, de salto e outros,  atletas darem a vida para não perder  jogo ou atletas que perdem a vida porque perderam o jogo, como foi o caso de André Escobar, jogador colombiano que foi assassinado por ter marcado um gol contra na Copa de 94. 
Hitler queria usar as Olimpíadas de 1936 para mostrar a supremacia da raça ariana, excluiu das competições os atletas judeus e os ciganos. Acabou sendo desmentido pelo atleta negro Jesse Owens que ganhou em Berlim quatro medalhas de ouro (100m, 200m, 4x100 revezamento e salto em distância), atleta que aliás, depois de voltar aos USA com as quatro medalhas, ainda era obrigado a entras nos ônibus pela porta de trás e era impedido de frequentar muitos lugares permitidos só para os brancos.

Na ARTE não é assim. Ninguém se importa em saber se Michelangelo era melhor que Da Vinci, que Bach era melhor que Beethoven, que Pacino é melhor que De Niro.Cada um faz seu trabalho da melhor forma que pode, para si, para os outros, e, diria Bach, para DEUS.

No esporte, acaba que os grandes vencedores são os países mais ricos, que mais investem em instalações, bolsas, alimentação, tudo no intuito de provar sua superioridade.

Não seria já o tempo de acabar com Olimpíadas e competições, de inventar jogos onde as pessoas arrasam, dão tudo o que podem, fazem maravilhas mas não precisam mostrar superioridade? Não seria o tempo de inventarem mais jogos como o “frescobol”, onde voce levanta a bola pro seu opositor? Um futebol arte, onde gols dos dois times seriam bem vindos e comemorados? 

Será que não dá pra ser feliz, simplesmente fazendo o melhor de si, sem precisar se comparar e se mostrar superior?

sexta-feira, 22 de julho de 2016

FLOR DE FERRO na PRAÇA PARIS








Exosição de Esculturas Monumentais





O Mundo é maravilhoso.
O universo, as estrelas,  uma paisagem, uma pessoa podem nos deixar extasiados e plenos de beleza. Porém, talvez na mesma proporção, o horror está presente. Bem e Mal caminham juntos e permeiam nossa vida. Penso que a única saída, o único remédio para nossa tristeza e nosso pavor é a arte, pois só ela é capaz de transformar o feio no belo, a agonia em êxtase. Não somos ingênuos para pensar que o mundo pode ser só felicidade. Num samba muito popular, Vinícius de Moraes diz que “pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza”.  Assim como a flor que nasce da lama e se alimenta do esterco, num ciclo perene de vida e morte, a criação se alimenta do sofrimento, da angústia, do drama. O grito do bode, a tragédia, faz a catarse através da arte e nos tira do inferno para nos alçar ao céu.

Fico muito feliz em participar, a convite de Paulo Branquinho e Maria Izabel Noronha, para participar da “Exposição de Esculturas Monumentais da Praça Paris”. Esculturas e Natureza se complementam e além disso, é sempre um desafio criar uma nova peça, sob encomenda, para um lugar especial, bonito e tradicional como a Praça Paris, na companhia de grandes artistas e ainda por cima, criar uma “escultura monumental”. 
As flores são obras de arte da Natureza. São delicadas, são coloridas, são perfumadas, mas podem ter espinhos, podem queimar podem até envenenar. Para minha participação nesta grande exposição,  pensei em esculpir uma grande flor de ferro. Ser capaz de capturar a leveza, a imponência, o mistério e a delicadeza de uma flor, por material duro, perene e pesado como as chapas e perfis de ferro. Talvez o alimento dessa flor esteja no lamaçal político/econômico/jurídico em que estamos vivendo. Pretendo ver minha flor como uma saída, um chamado, uma conclamação para a catarse, para a transformação.
Só a Arte salva.