quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Estátuas Urbanas: Ter ou não Ter?

Oscar Wilde, com uma ponta de ironia, escreveu no prefácio de Dorian Gray que “toda arte é inútil”. A ironia está no fato de que não só o que é útil é bom. A Beleza não é útil, um perfume não é útil, um sabor, uma cerveja, uma praia, uma relação sexual sem intenção de gerar filhos, nada disso tem utilidade, porém os homens estão sempre buscando esses prazeres inúteis. O prazer da arte é impalpável, e por isso, muitas vezes os artistas são atacados, como se fossem seres inúteis, aproveitadores e desnecessários. Fídias, um dos maiores escultores da história, autor de uma Pallas Athena de cerca de 12 metros de altura, acabou sua vida na prisão, por discordâncias políticas e intrigas da oposição ao governo de Péricles. O escultor francês Auguste Rodin foi motivo de chacota em Paris, quando fez seu Balzac. Ludwig II da Baviera foi tido como louco quando construiu o feérico Castelo de Neuschwanstein e acabou sendo deposto. Hoje em dia, ninguém questiona a legitimidade da estátua do Cristo, no Corcovado, ou da estátua da Liberdade em Nova Iorque, ou das catedrais góticas, ou do Coliseu em Roma, ou do Parthenon em Atenas, ou das pirâmides e das esfinges do Egito. Muito pelo contrário, milhares de pessoas viajam pelo mundo especialmente para conhecer e fotografar essas e outras obras, porém, todas elas causaram polêmica na época em que foram feitas. Essa relação de amor e ódio que os homens tem com a arte, já levou a dizimação de milhares de obras ao longo da história. No início do ano de 2015, vimos com enorme desgosto membros do Estado Islâmico destruírem a marretadas, peças antiquíssimas no Iraque, obras ilustrativas do início da civilização. A arte é a alma do povo. Não existe sociedade sem arte.Algumas pessoas criticam o número de estátuas que existem no Rio de Janeiro. Tudo o que se constrói tem quem queira destruir, mas isso não quer dizer que a coisa tenha que ser destruída. 
Todos sabemos que o Rio de Janeiro tem problemas de circulação, de transporte, de habitação, de poluição, de desigualdade social, de falta de educação, de corrupção e muitos outros. As estátuas não são problema. As estátuas são pelo contrário, pontos de contemplação, de cultura, de reconhecimento, de descanso, onde as pessoas param pra ver, pra aprender, pra tirar fotos, pra conversar e por um momento se esquecer dos problemas que as assolam.Um dia, no futuro, quando muita coisa estiver mudada e quando nenhum de nós estiver no Planeta, as esculturas (se não forem destruídas para alimentar a indústria bélica) estarão firmes e fortes, testemunhando para as futuras gerações, ou para visitantes extraterrestres o que tinha de melhor na nossa civilização.

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