quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sobre o Crowdfunding – Financiamento Coletivo


Devemos olhar o financiamento coletivo, não como uma pessoa (privilegiada) recebendo ajuda de um monte de pessoas (prejudicadas), mas como um monte de pessoas se unindo para realizar um determinado projeto, com o qual elas se identificam. Todo grande projeto precisa da contribuição de muitas pessoas para se realizar. Grandes empresas são sociedades. Grandes obras de arte sempre foram resultado do esforço de um grupo. As catedrais góticas por exemplo, com seus vitrais, suas esculturas, pinturas, arquitetura, são o resultado do trabalho de milhares de pessoas que se uniram e se dedicaram a construí-las, doando seu tempo e trabalho. Pouco a pouco fomos perdendo o habito desse trabalho coletivo e nos acostumamos a contar com um patrocinador, o Estado, ou alguém para investir a fundo perdido nos projetos culturais, principalmente se eles forem os nossos projetos. Os americanos, em parte por falta de legislações de incentivo cultural, em parte por um paradoxo do mundo capitalista, criaram novas maneiras de atrair pessoas para contribuir com novos projetos. Conheci por exemplo museus que tinham em determinada parede, azulejos com o nome das pessoas que doavam alguma soma. Dependendo da soma, o azulejo (e o nome) era maior ou menor.
Assim, a pessoa que contribui com um projeto, passa a fazer parte dele. Como o acionário de uma empresa, sabe que ela é uma parte de todo aquele projeto, e se ela se identifica com ele, ela se sente orgulhosa, feliz, de ver seu projeto realizado.

Foi com a contribuição de muitas pessoas que construímos as três estátuas dos craques Nilton Santos, Garrincha e Jairzinho que se encontram no Engenhão. Cada pessoa que pagou uma cota, ganhou uma miniatura da estátua, mas melhor do que isso, cada pessoa sabe que sem sua contribuição não teria estátua nenhuma, e que uma parte daquela estátua de certa forma lhe pertence. Tenho certeza que quando eles passam em frente ao Estádio e veem seus ídolos imortalizados, eles sentem uma ponta de felicidade. Afinal, para nós, homo faber, seres humanos, viver é construir, viver é fazer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário